“Executivo deve se preocupar é com a falta de vagas e precarização”, defende Sindiserv sobre Projeto que envolve questões de gênero nas escolas
Atualizado em 26/05/2023
O Sindicato dos Servidores Municipais de Caxias do Sul (Sindiserv) posiciona-se contrário ao Projeto de Lei, protocolado em caráter de urgência pelo Executivo sobre “ideologia de gênero” e/ou “identidade de gênero” nas escolas municipais. A entidade observa que existem assuntos muito mais urgentes como a falta de vagas em creches, reformas e construção de escolas, e melhoria nas condições de trabalho dos professores.
De acordo com a presidente do Sindiserv, Silvana Piroli, os pais de alunos que estudam em escolas municipais sabem do esforço dos profissionais em educação para avançar em aprendizagem e na construção de uma cultura de paz e tolerância. Segundo ela, os pais que participam da rotina escolar não tem dúvidas sobre a qualidade e conteúdos ensinados em sala de aula. Sobre o caráter de urgência para aprovação do PL, a presidente rebate: “Urgente é construir novas escolas”, citando como exemplo a necessidade dos loteamentos Campos da Serra e Rota Nova.
O texto enviado pela Administração, defende que a medida respeita “a vontade majoritária dos pais das crianças regularmente matriculadas na rede municipal”. Sobre o anseio da família, a presidente questiona sobre a forma de consulta. “Que pais foram consultados?”.
Quanto aos materiais pedagógicos ela lembra que são fornecidos pelo Ministério de Educação (MEC) e que “ideologia de gênero” não faz parte do conteúdo. “A SMED dispõe de profissionais para supervisionar todas as cópias feitas pelos professores? Em tempos de difusão de conhecimento online, existem escolas que usam cópias e mimeógrafo à álcool. Isso é que precisa ser reavaliado”, aponta.
Para a diretora de educação do Sindiserv, Rita Casiraghi Moschem, é importante que haja uma mobilização da categoria e comunidade para que ações de intolerância sejam estancadas.
A diretora de comunicação do Sindicato, Claudia Detânico Calloni e também membro do Fórum Municipal de Educação, reitera que o Plano Municipal de Educação (PME) foi rediscutido em 2018, sendo que a Secretaria Municipal de Educação (SMED) participou do processo e não alterou a forma de condução do assunto. “Por que agora e quais interesses estão permeando isso?”, questiona.
No entendimento da entidade, a medida serve apenas para incitar a comunidade contra os professores. Além disso, a redação apresenta metas que dizem respeito ao Ensino Médio que é de competência do Estado.
Histórico
O projeto protocolado em regime de urgência, tem as mesmas observações do projeto apresentado pelo vereador, Chico Guerra (PRB), dentre elas, a necessidade de avaliação de todos os materiais didáticos pela Secretaria de Educação antes de serem encaminhados às escolas. A proposta foi considerada inconstitucional na sessão ordinária do dia 8 de novembro, após os parlamentares acatarem, por maioria de votos, os pareceres técnicos de duas comissões do Legislativo. O projeto foi arquivado.