Seminário do CRPRS debate educação, psicologia e necessidade de diálogo
Atualizado em 26/05/2023
Profissionais da área de psicologia, educação, direito e psiquiatria estiveram reunidos na última sexta-feira (26/11), para o Seminário de Psicologia e Educação – Desafios do Século XXI, promovido pelo Conselho Regional de Psicólogos do Rio Grande do Sul (CRPRS) e sediado pelo Sindiserv.
O evento abordou temas transversais na psicologia da educação como violência, redes sociais, sexualidade e gênero e o uso de drogas entre jovens.
Os palestrantes reforçaram a importância de ouvir, manter uma conversa saudável e o diálogo como único meio de obter efeitos positivos no ensino moderno.
“Cenário Atual da Educação e Psicologia Educacional: Avanços e Desafios”
O primeiro debate contou com o professor e filósofo Vanderlei Carbonara, que focou na questão da hiper modernização do ensino, um desdobramento que leva a individualidade contemporânea, em um sistema que visa formar o cidadão em técnica e habilidade, mas se esquece do lado humano. Sua ideia é uma ruptura desse modo em uma formação que tenha o diálogo como força principal.
A psicóloga Jacqueline Enricone seguiu abordando os desafios da psicologia educacional de forma mais geral, falando sobre a compreensão que o psicólogo deve ter, vendo com complexidade e suprindo o problema da falta de escuta e diálogo nas escolas.
“Transversalizando debates: álcool e outras drogas, sexualidade, mídias virtuais”
A segunda mesa focou em temas transversais, e contou com a Mestre e Doutora em Educação (UFRGS) Cíntia Inês Boll, que debateu o assunto da segurança nas redes sociais. Cíntiacomenta que não se deve dividir o real e o virtual como coisas diferentes, mas como algo que agrega um ao outro. O espaço da cultura digital é um espaço de criação e comunicação, e pode ser usada além das formas usuais de ensino.
A conselheira do CRPRS Fernanda Facchin Fiorazanto, falou sobre a questão da sexualidade e gênero, passando historicamente por como a sexualidade era vista por diferentes épocas e como é vista na contemporaneidade. Fernanda citou Freud e Foucault, defendendo a ideia de que todo ser é um ser sexual. Ela também fala da ruptura da ideia de gêneros binários, levando a aceitação de diferentes definições.
Terminando a segunda mesa, a conselheira do CRPRS Manuele Montanari Araldi, focou no tema do consumo de álcool e outras drogas pelos jovens, em como a escola muitas vezes decide ignorar ou adiar soluções quando confrontada por alunos usuários, e como o diálogo pode ser o principal fator na prevenção contra as drogas.
“Laicidade, violência, medicalização: ampliando olhares”
Após o intervalo das 17hs, o seminário continuou com a filósofa e psicóloga Rosana Rossanato, que abordou o tema de laicidade. Rossanato alerta sobre a crescente intolerância de culto no Brasil, ressaltando que a laicidade valoriza a diversidade religiosa.
O advogado criminalista Jean Carbonera falou sobre a legitimação da violência em estados favoráveis a pena de morte, e como isso apenas elevou a criminalidade.
O médico psiquiatra Jackson Peres terminou a terceira mesa abordando o excesso de medicações usadas em crianças com o objetivo de “enquadrá-las” .
“Temas do cotidiano educacional: diversidade e inclusão, saúde do educador, sentido do aprender (aprendizagem significativa)”
A quarta e última mesa da noite contou com a psicóloga e professora Cláudia Brisol, que falou sobre inclusão e diversidade, chamando atenção ao modelos patologizadores e medicalizantes que cresceram após a Lei da Inclusão, em 2008.
A psicóloga Anelise Schaurich, falou sobre a saúde mental do educador, que em seu estudo, apontou um grande número de distúrbios leves no magistério, relacionados a formação e a remuneração do profissional.
A psicóloga Elizângela Mara Zanelatto abordou a aprendizagem significativa. Para ela, a educação deveria adotar uma ideia mais ampla baseado no conceito clássico de skole – escola em grego, que significa ociosidade. Tentar um ensino com mais afeto, cuidado e saúde, não fazendo parecer uma obrigação.